PMDB PODE REPETIR DOBRADINHA NO CONGRESSO 22 ANOS DEPOIS
Se o PMDB vencer a corrida pelas presidências do Senado e da Câmara, na próxima segunda-feira, será a segunda vez na história que um partido comanda os dois parlamentos do Congresso Nacional. A primeira foi a partir de 1987, com o próprio PMDB, quando o deputado paulista Ulysses Guimarães presidiu a Câmara, e o paraibano Humberto Lucena, o Senado. Nos bastidores de Brasília, são dadas como certas as vitórias do ex-presidente José Sarney (AP) e do deputado Michel Temer (SP) nas eleições desta segunda-feita.
A predominância peemedebista no fim da década de 80 tinha como explicação o momento histórico. Com o fim dos anos de chumbo e início da redemocratização do Brasil, os dois maiores partidos políticos eram a Arena, pró-regime militar, e o PMDB, de oposição. Em 2009, a possibilidade da coincidência peemedebista tem outra explicação.O PMDB, inicialmente, anunciou apoio à candidatura do senador petista Tião Viana (AC) na disputa pelo Senado mas, há uma semana, lançou o nome de José Sarney (AP).
Na Câmara, a situação é mais tranqüila para o partido, com o peemedebista Michel Temer (SP) como favorito. Além dele, também concorrem à presidência da Casa Ciro Nogueira (PP-PI), Aldo Rebelo (PcdoB-SP) e Osmar Serraglio (PMDB-PR). O governo diz que não se intrometerá em nenhuma das disputas.
Há quem veja a cautela do Planalto como uma tentativa de não azedar relações nem com o PMDB e nem com o PT. "O governo quis se retirar porque ficaria difícil justificar o apoio a qualquer candidato, já que os dois são da base aliada", avalia o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (RN). Viana evitou comentar a posição de neutralidade do governo. "Não vou julgar, deixa o tempo responder às conseqüências", disse o petista. O candidato José Sarney não foi encontrado pela reportagem.
Para o presidente nacional do PDT e líder do partido na Câmara, Vieira da Cunha (RS), "não é aconselhável" tal concentração de poder nas mãos de uma única legenda. O PDT declarou apoio a Tião Viana. Segundo Vieira, o presidente Lula não deve ter dificuldades em governar em caso de eventual vitória do PMDB, partido que integra a base governista.
Integrantes da base aliada vêem o dedo de Renan Calheiros (AL) no lançamento repentino da candidatura de Sarney. O senador alagoano renunciou em 2007 à presidência do Senado, desgastado pelos processos a que respondia no Conselho de Ética da Casa, e para escapar da cassação de seu mandato. Calheiros foi sucedido por Garibaldi no comando do Senado. A eleição de Sarney seria vista por Renan como um bom sinal para a situação de seus processos na Casa, já que o alagoano vê no maranhense um aliado.
Apoio parcialA bancada do PSDB no Senado anunciou apoio à candidatura de Viana na noite de quinta-feira, e viu-se desautorizada poucas horas depois. O senador tucano Papaléo Paes (AP) comunicou ao líder da bancada, Arthur Virgílio Neto (AM), seu apoio a Sarney. Papaléo revelou ainda que pelo menos outros três parlamentares do PSDB devem votar no peemedebista.
Na Câmara, caso se confirme a eleição de Temer, a composição da Mesa Diretora deve ser a seguinte: o PT fica com a 1ª Vice-presidência e a 3ª Secretaria; a 2ª Vice-presidência vai para alguém do PR; e a 1ª Secretaria, para o PSDB. A 2ª Secretaria fica com o DEM, e a 4ª, com o PTB. Restaria definir a composição das comissões permanentes da Casa, o que será tratado após ser resolvida a situação da Mesa.
O voto para presidente nas duas Casas é secreto e por meio de urna eletrônica. O candidato que disputar a presidência da Câmara deve conseguir 257 votos, o que representa a metade mais um do total de deputados da Casa (513). No Senado, onde há 81 votos no total, ganha quem levar a metade mais um (41).
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